Hoje em comemoração ao dia do índio, desta vez resolvi preparar para vocês esta postagem compartilhando momentos da viagem que fiz com a minha turma de faculdade à Paraíba no ano passado. Na oportunidade visitamos a Aldeia São Francisco na Baía da Traição – PB, onde vivem índios remanescentes dos antigos Potiguaras (um grupo indígena que habitava o litoral dos estados da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Esta aldeia dentre varias outras se localiza no litoral da Paraíba, mais precisamente nos municípios de Baía da Traição, Rio Tinto e Marcação.
Foi uma aula de campo da disciplina de Educação Indígena do curso de Pedagogia, realizada no dia 19 de março de 2011, e o objetivo desta foi conhecer uma aldeia indígena, e ver como vivem os seus habitantes, conhecer seus costumes e tradições, e perceber a cultura indígena num mundo globalizado.
Saímos de Riachuelo às 06h20min da manhã após a turma se encontrar em frente a E.M.M.G.A.V. (Pólo da UVA - Riachuelo). A turma estava toda empolgada, todo mundo preparado, com lanches para o consumo durante a viagem e também levando donativos para os índios. Fizemos uma parada em Parnamirim, onde apanhamos a professora e encontramos com a turma do pólo de Ceará - Mirim, em seguida dando prosseguimento a viagem. Apesar de a viagem ser cansativa e demorada, foi compensador apreciar a bela paisagem, diversificada, como os canaviais que davam um contraste todo especial.
Logo ao entrar na Paraíba houve uma parada em um posto de gasolina, onde alguns alunos tomaram café, e compraram lanches. Tiramos fotos com esculturas dos personagens do Smilingüido.
Chegamos à aldeia por volta das 10h15min da manhã, e a outra turma de Ceará - Mirim já se encontrava no local a nossa espera, só que um pouco antes da aldeia para que pudéssemos chegar todos juntos. Ao chegarmos à aldeia entregamos os donativos que levamos; alimentos não-perecíveis e também roupas, uma forma de agradecimento a eles pela nossa acolhida, pois são muito humildes e necessitam de assistência.
Fomos muito bem recebidos por todos, principalmente pela Pajé chamada de Fátima, mas que também na tradição indígena é chamada de Cunhã, a qual nos passou informações sobre como é a vida na aldeia, seus costumes, enfim a cultura do seu povo. Estes índios vivem da pesca e da agricultura, plantação de milho, feijão, batata, macaxeira, e também fabricam a farinha de mandioca na casa de farinha que existe na própria aldeia.
Fátima (Pajé) também chamada Cunhã
As meninas do meu grupo e a pajé.
O artesanato também é uma importante fonte de renda para eles, o que garante um dinheirinho para comprar o necessário para sustento de todos, bem como também a safra das frutas dá um bom lucro.
Fabricação e venda de Artesanato
Veja agora alguns alguns pontos importantes da nossa coleta de dados através de entrevista com algumas índias da aldeia:
Curumins da aldeia São Francisco
Eu e os curumins da aldeia
Edna e Karina (Colegas de grupo)
· MORADIA: Na aldeia não existem ocas, exceto algumas pequenas que servem de abrigo para a criação de alguns animais. No mais, são casas de taipa e casas de alvenaria que o governo implantou. Com relação às ocas, segundo o depoimento de uma das índias, foram se desfazendo das mesmas pelo fato de que era costume na aldeia os adultos saírem para o campo e deixar as crianças maiores cuidando das menores. Por conta disso houveram casos em que crianças atearam fogo nas ocas causando tragédias e até mortes, por isso deu-se preferência pelas casas de taipa. No entanto ainda utilizam cabanas de madeira e palha para reuniões.
Pequena cabana destinado à criação de alguns animais
Oca destinada à reuniões
Eu no interior da oca
· SAÚDE: Uma vez por mês a aldeia recebe uma equipe médica para uma análise geral. Segundo a pajé, procura-se tratar os problemas de saúde em casa mesmo utilizando-se ervas medicinais e só vão à “oficina grande” (hospital), em último caso, quando o problema ou enfermidade não pode ser resolvido na própria aldeia.
Bebê índio
· ALIMENTAÇÃO: A comida é adquirida por seus próprios recursos, através da plantação e da pesca.
Durante nossa passagem por lá foi servido um banquete típicamente indígena, ao ar livre, no qual a mesa era feita de varas e coberta com folhas de bananeira. A comida foi servida em panelas e tigelas de barro. O prato principal e que chamou a atenção de todos foi um peixe preparado de uma forma bastante curiosa, (o peixe é enrolado em folhas de bananeira e enterrado na terra com o fogo acesso sobre ele, e após uma noite é retirado e está pronto para servir.)
Prato principal
Foi servido feijão verde, Peixe, Sururu com camarão, pirão, arroz branco, macaxeira, bolo preto e tapioca. Um banquete maravilhoso de encher os olhos e de dar água na boca, que por sinal estava uma delícia!
Preparação para o almoço.
Estava tudo uma delícia!
Todo mundo se servindo.
Após o almoço a pajé junto aos demais apresentou o Toré, uma dança indígena onde crianças e adultos vestidos com trajes e instrumentos típicos, cantam e dançam em volta de um dos índios o qual toca um instrumento como uma espécie de tambor. As letras das músicas entoadas falam sobre personagens da cultura indígena e que também são lembrados na cultura e nas religiões afro.
Dança do Toré
Por volta das 14:00 horas chegou a hora da despedida, e o professor da turma de Ceará - mirim fez o encerramento e em nome de todos agradeceu a hospitalidade dos índios e falou que foi com muito orgulho que mais uma vez ele trouxe mais uma turma para conhecer a aldeia, pois não era a primeira vez que ele os visitava.
Professor da turma de Ceará-Mirim fazendo as considerações finais.
Os nativos ouvem com atenção as palavras do professor.
Por último, a Pajé Fátima também agradeceu nossa visita que pediu
que voltássemos outras vezes.
Eu e as meninas do meu grupo
com a nossa professora de Educação Indígena Aracely Xavier.
Eu com a professora Aracely Xavier. (Pessoa maravilhosa!)
Encerramos então a nossa visita à aldeia e partimos de volta a nossa terra, mas antes fazendo uma parada no município de Rio tinto, onde tiramos fotos com a turma em frente a belos monumentos, e voltamos saboreando o delicioso sorvete da região.
Eu e minha colega Raquel
em um dos monumentos da cidade de Rio Tinto - PB.
Rio Tinto - Paraíba
Parte da Turma "A" 2009.1 de Pedagogia
Universidade Estadual Vale do Acaraú - Ibrapes - UVA
(Pólo Riachuelo)
Chegamos de volta à Riachuelo por volta das 18:00 horas. Enfim foi uma viagem inesquecível!
Através desta aula de campo foi possível perceber que apesar de todo o processo de civilização pelo qual os índios da Aldeia São Francisco passaram, ainda assim é bastante forte a presença das características típicamente indígenas e da preservação de suas culturas. A região na qual visitamos possui 20 aldeias que ficam situadas em municípios vizinhos. Junto a pajé, os demais nativos procuram resgatar as tradições do seu povo, repassando de geração a geração, como por exemplo, a língua Tupi-Guarani, onde podemos perceber na fala da pajé e principalmente das crianças, algumas palavras pronunciadas nesta língua, bem como os traços indígenas marcantes e gestos que retratam os antigos costumes preservados em meio a uma civilização num mundo hoje globalizado.
Como hoje é dia do índio, a Aldeia São Francisco certamente deve ter feito uma grande festa reunindo as demais aldeias do litoral da Paraíba bem como haviam nos dito. Pois esta data para eles é sempre comemorada com muita alegria e realização de festejos indígenas tradicionais.
Quem tiver oportunidade, não deixe de conhecer esta nossa cultura e as nossas raízes!
E viva o índio brasileiro!
Feliz dia do índio à todos os povos indígenas do Brasil!